quinta-feira, 31 de julho de 2008

Avaliação? Eu acho que não..

Ao fechar um ciclo de trabalho, onde buscou-se criar um ambiente de aprendizado, o que fazer?

A avaliação parece não dar conta da complexidade que é o processo de aprendizado na medida em que se adotam parâmetros.

O currículo pretende ser capaz de listar que competências cada indíviduo possui. No entanto é possível ter um maravilhoso currículo com muitos cursos, muitos diplomas e na verdade não ter a capacidade de exercer o trabalho que teoricamente os cursos te capacitaram ou o diploma diz que se é capaz de fazer.

Na escola muitas vezes passamos nas provas estudando, não para se apropriar do conhecimento, mas para repetir o que está escrito em algum lugar e conseguir o objetivo: a aprovação. Então pouco tempo depois de termos "aprendido" aquele conteúdo esquecemos, ou não sabemos aplicá-lo em um situação em que ele é realmente necessário. Então qual é o valor de uma prova que avalia este tipo de competência? Certamente algum valor tem, mas daí a comprovar a competência de alguém são outros qüinhentos.

Isso para não falar de plágio, cola e outros mecanismos que podem ser usados para adquirir diplomas que engordam currículos, definem salários, delegam responsabilidade e representam status.

Ainda não conheci um meio de comunicação que contemple toda a complexidade do processo de aprendizado. Acredito que mais importante do que comunicar o que está se aprendendo e como, é o processo vivido.

Uma forma de tentar comunicar sem avaliar, sem definir qual conhecimento é melhor ou pior, seria relatar o que acontece no momento em que se vive o ambiente de aprendizado.

Neste sentido algumas ferramentas digitais são bem úteis. É claro que elas por si só não dão conta, é preciso estar mergulhado e atento ao que está acontecendo, sem se pretender imparcial, afinal a sinceridade é um ponto chave nesta questão, sinceridade consigo e com o outro. Mas anotar o que está acontecendo na aula, registrar com imagens o que se fez, filmar, estes tipos de ferramentas ajudam muito.

O maior problema para mim neste conceito de avaliação é a falsidade com que ele soa nos meus ouvidos.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Terra de quem.

Nesta semana eu soube que atearam fogo em Tekoá Itarypú, a aldeia indígena de Camboinhas.



Nas ocas tinham 3 crianças, duas com aproximadamente 1 ano e outra de 11 meses.

O atentado ocorreu enquanto os homens da tribo estavam em uma reunião.

Ouço de algumas pessoas discursos como: "ali não é terra de índio", "os índios não tem mais a pureza de sua cultura", "os ídios são privilegiados porque não pagam impostos"..e por ai vai.

Bem lembrando que a ocupação de Camboinhas provavelmente deve ter menos de 50 anos e que o sambaqui de lá beira os 8 mil anos acho que de branco é que aquela terra não é. Afinal de contas, se você não tivesse para onde ir e soubesse de uma terra que é herança de seus antepassados, para onde você iria?

Eu acho engraçado a reinvidicação pela pureza da cultura indígena. Nós não nos vestimos nem nos comportamos como nosso avós, mas o índios devem ser assim. Nós interagimos com outras culturas, vestimos grifes importadas, adquirimos equipamentos importados que mudam nosso modo de vida, mas aos índios isso é uma degeneração. Correto seria congelar sua cultura no tempo e de preferência no espaço, porque não queremos a presença deles perto de nossas casas.


E os impostos, a isso tudo mundo tem que pagar!
A Mercedez Benz recebeu um pequeno incentivo fiscal de 690 milhões de reais..coitada ela não teria como pagar essa bagatela..http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/junho2002/unihoje_ju177pag03.html .
Detalhe isto se refere a apenas UMA grande empresa, somando o que todas deixam de pagar da para colocar mais alguns zeros nessa conta.

Não sei porque não cobramos impostos da aves, dos peixes, dos cachorros..quem sabe cobrando dessa galera toda a gente conseguiria cobrir um pouquinho do que as grandes empresas, que exigem altos investimentos em infra-estrutura e consomem os recursos naturais que temos a preço de banana, deixam de pagar. Afinal elas oferecem milhares de empregos não é?
Bondade delas é vir oferecer estes maravilhosos empregos que, apesar de inibirem qualquer tentativa de uma empresa brasileira, que paga impostos, se erguer , para nós isso é uma maravilha.

Bem o fato é que existiam milhões de índios que viveram durante muito tempo por aqui. E ao invés de aproveitarmos a oportunidade de conviver com essa cultura, que poderia nos ensinar outras formas de relacionamento com a natureza e a beleza de suas tradições ateam fogo numa comunidade indígena com crianças dentro.

Eu sinto grande tristeza com isso, mas é tempo de recomeçar a luta, enxugar as lágrimas e voltar a trabalhar e pelo menos já sei de que lado eu estou.

quinta-feira, 17 de julho de 2008



Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidaaaade.

Esta frase é o fragmento de uma canção que eu gosto bastante.

Ás vezes tenho eu sinto que tudo na minha vida acontece em ondas. Por mais original e diferente e bom e utópico que pareça uma idéia, quando eu procuro direito tem sempre mais algumas pessoas que estão pensando algo que pode até não ser igual, mas de alguma forma está acompanhando esta maré.

Essa viagem eu tenho pelos movimentos que eu estou em contato: a permacultura, a pedagogia libertária, a vadiagem da capoeira, a música, a ciência, sei lá mais o que..tudo parece que de alguma forma está se movendo como uma onda.

Eu materializo isso na minha cabeça como uma grande rede e um vento soprando, os nós desta redes são pequenos grupos, que estão insatisfeitos com a opressão e a autodestruição e querem a liberdade para as pessoas, querem que o trabalho seja feito com amor e sinceridade, querem tirar o conhecimento das caixas e espalhá-lo sobre o chão, deixando ele livre para correr para onde quiser.

Eu vejo muito trabalho pela frente, vejo muitas dificuldades e muita dor.
Mas eu não sei porque eu sinto uma vontade de seguir, porque cada vez que eu sigo eu olho para o lado e vejo que não estou só eu que minhas angústias podem ser sanadas com um dia bem cheio de trabalho.

As mudanças tem que começar em mim. Este é o maior trabalho de todos. Combater em mim o que me incomoda. A falha é parte do processo, contemplá-la e superá-la é o melhor que eu posso fazer. Ela deve ser antes um combustível do que um obstáculo.

viajei na maionese...