quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Nova geração

Boa parte dos países latino americanos, inclusive o Brasil, vive a aproximadamente 25/30 anos livre de sistemas políticos autoritários.

Pensando assim, eu, que tenho 27 anos, nasci justamente quando se tornou possível escolher através do voto quem assume os cargos de gerência de algumas instituições públicas.

Meu pais e seus antepassados viveram praticamente todo o tempo sob regimes ditatoriais autoritários que agiam diretamente sobre as instituições de ensino, definindo sua estrutura, seu currículo e tentando esmagar qualquer manifestação intelectual ou cultural que questionasse o que estava estabelecido.

Sendo assim, as instituições de ensino hoje são dirigidas e boa parte de seus funcionários são frutos desta época.

Por isso que eu acho tão difícil discutir questões relativas a organização da escola e dos espaços de aprendizagem, dos currículos ou da necessidade deles, da participação popular dentro do cenário político e de gestão de espaços coletivos e da democracia de uma forma geral.

A política eleitoreira que temos hoje, expressa neste modelo de democracia representativa é uma anedota. A fama, a propaganda, a celebridade são as diretrizes da maioria das campanhas. Se for feito um raio x com as coligações partidárias fica bem difícil salvar algum candidato.

Ao mesmo tempo alguns dispositivos legais e espaços subversivos foram e estão sendo criados, e com o suporte das novas tecnologias, hoje é possível agir, se conectar, aprender sem depender de uma instituição, mas ainda não existem ferramentas para todos.

Represento parte de uma geração criada inteiramente sem uma ditadura, que ainda sofre suas sequelas, principalmente em relação a estrutura bur(r)ocrática que estamos mergulhados, mas que pode se mover, criar, resgatar, recriar.

Como exemplo vejo a educação e algumas tecnologias que hoje se desenvolvem de forma livre, sem regulação, experimentando o velho e o novo, sem a definição do que é certo ou errado, sem fórmulas, construindo uma experiência a partir de novas vivência e da possibilidade de resgate de culturas antigas hoje disponíveis na rede.

Tanto de dentro quanto de fora do "sistema" é possível criar os dispositivos de subversão. É preciso ocupar os cargos públicos e propor a qualidade e ao mesmo tempo criar novos espaços, novas propostas ou legitimar propostas e espaços marginalizados que contém a qualidade.
Penso no meu caso, que descobri a agroecologia, a permacultura e a educação libertária a menos de 5 anos, e hoje essa idéias transformaram minha vida, minha rotina, minha casa e meu trabalho além de ter se construído uma rede maravilhosa que desenvolve ainda mais estas ideias.

Quando meus filhos nascerem vivenciarão uma casa com um quintal agroecológico, um banheiro seco, um telhado verde, conhecerão as experiências do meus irmãos que estão nesse caminho, entrarão em contato com as ideias da educação libertária e sabe Deus o que mais os aguarda.

Sem fechar os olhos para os problemas eu continuo acreditando que as coisas vão melhorar.